domingo, 8 de dezembro de 2013

Carta 13

Aposto que você não está fazendo nada do que disse que iria fazer, quando resolveu sair lá de casa. Ah, sim, eu me lembro como se fosse hoje – apesar de já fazer um tempo. Precisava ter novas experiências para se conhecer melhor, precisava cair no mundo para ver se se reconhecia nele (sei que não foi bem nessas palavras, mas foi quase isso). E isso tudo não dava para fazer a dois, obviamente. E então eu gostaria de te perguntar: você está tendo as tais novas experiências? Você está enlouquecendo na vida? Fazendo aquelas coisas que você queria ter feito e não conseguiu porque é toda problemática, ou simplesmente por ser medrosa? Sei que é meio ridículo perguntar, mas é que sinceramente estou curioso em relação a isso tudo. Mas essa é uma carta que não será entregue, porque eu não preciso que ela seja entregue, eu só preciso que a pergunta fique no ar, que saia de mim e se espalhe por aí, para morrer em seguida, espero. Para morrer em algum lugar entre esse apartamento meio abandonado e um carteiro gordinho que entrega a sua carta no início da tarde. A verdade é que ela morre aqui no papel, no ponto final. 

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